domingo, 16 de fevereiro de 2014

Foi amor? - Fátima Pessoa


Acordei completamente envolta por um amanhecer azulado,
suspiro e agarro-me ao travesseiro - há um ar de silêncio entre
a promessa e o sonho. Fecho os olhos e sonho distante.
Ele ainda é paixão presente e sonhada a vida toda, parece que
agora tudo acabou, mas deve ter sido amor.

Dentro e fora sou deserto - chorei todas as lágrimas. Um tempo houve
em que o coração pulsava na esperança de ir em busca das ilhas bem
aventuradas do hedonismo. Foram horas incomparáveis de prazer...
Hoje só me resta relembrar entre uma e outra taça de vinho; o corpo
se entorpece a dor angustiante do desejo D'ele.

E assim sigo pelos cotidianos que me restam, sou uma mulher presa de
doce embriaguez - não resistiria à solidão se não existisse o vinho acre,
rosado e límpido - que faz lembrar o sangue que corre em nossas veias.
Tu que me lês - o que pensas sobre o que te conto?
Que utilidade tem a solidão, seja leve ou seja profunda?
...
Ainda assim, deve ter sido amor...

Fátima Pessoa

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